Federaçao Venezuelana se pronuncia após caso de xenofobia envolvendo Bobadilla
A Federação Venezuelana de Futebol divulgou uma nota na última quarta-feira (28), citando o episódio de xenofobia envolvendo o volante Damián Bobadilla, do São Paulo, e o lateral Miguel Navarro, do Talleres. Na ocasião, o paraguaio chamou o adversário de “venezuelano morto de fome” nos minutos finais da partida.
A entidade reiterou que jogadores venezuelanos estão sendo alvos de ataques discriminatórios no esporte de maneira recorrente, e cobrou mais atitudes das federações responsáveis. A mesma também citou o caso de Jhoagny Contreras, atleta do time feminino do Deportes Iquique, do Chile.
“Lamentavelmente, esses feitos não são isolados. Atletas venezuelanos têm sido objeto de manifestações discriminatórias dentro e fora dos estádios. Como Federação, não seremos indiferentes diante destas agressões que vulneram não só aos nossos atletas, se não o espírito mesmo do esporte”, escreveu a entidade.
Ao ouvir o insulto de Bobadilla, Miguel Navarro relatou o ocorrido aos seus companheiros e chegou a chorar dentro de campo. A partida foi interrompida por alguns minutos. O venzueano abriu um boletim de ocorrência ainda no Morumbis.
Bobadilla foi procurado pela Polícia Militar no estádio, mas o mesmo já tinha ido embora do local. O jogador paraguaio foi às redes sociais para falar sobre o ocorrido e pedir desculpas publicamente.
“Bom, primeiro foi uma partida muito acirrada, um clima tenso durante toda a partida. Depois do nosso segundo gol, tive algumas discussões com um jogador do Talleres, onde inicialmente fui insultado e também tratado com um pouco de desprezo.Mas nunca tive a intenção de discriminar ninguém. Bom, no calor do momento eu reagi mal, e bem, peço desculpas publicamente. Se eu tiver a oportunidade de falar com ele pessoalmente, também pedirei desculpas.Mas enfim, só queria esclarecer isso e mandar um grande abraço para todos”, disse.
Confira a nota oficial da Federação Venezuelana de Futebol
“Desde a Federação Venezuelana de Futebol expressamos nosso mais firme repúdio diante dos atos de xenofobia sofridos pelos nossos jogadores Miguel Navarro e Jhoagny Contreras, ocorridos recentemente.
Nenhuma forma de discriminação cabe no futebol e na sociedade. Rechaçamos de maneira categórica esses ataques que atentam contra os princípios de respeito, inclusão e dignidade humana que promova o esporte.
Lamentavelmente, esses feitos não são isolados. Atletas venezuelanos têm sido objeto de manifestações discriminatórias dentro e fora dos estádios. Como Federação, não seremos indiferentes diante destas agressões que vulneram não só aos nossos atletas, se não o espírito mesmo do esporte.
Levamos esse caso às instâncias correspondentes e solicitamos às autoridades locais, às ligas profissionais e aos organismos internacionais – incluindo CONMEBOL e Fifa – tomar medidas urgentes e exemplares para sancionar essas condutas e reforçar os protocolos de prevenção e denúncia.
Nossa total solidariedade com Miguel e Jhoagny. Não estão sozinhos. Por trás de cada venezuelano tem uma nação que os acompanha, que levanta a voz e que exige respeito.
“E que não fique dúvidas: a xenofobia contra um jogador de futebol venezuelano é inaceitável e será sempre enfrentada com a maior firmeza. Não é só um ataque a um profissional do esporte, mas sim uma tentativa de menosprezar nossa identidade. Onde tiver um venezuelano jogando futebol, deve haver respeito”.